No dia 26 de março passado este blog completou um ano de vida.
O primeiro dos 184 textos publicados: Política não é Fla-Flu
Média atual de 200 acessos diários, com alguns picos de 2 mil e pouco.
Sem pretensões, digamos, “profissionais”, o espaço segue tentando contribuir para o debate e a divulgação de idéias, sobretudo na política e na cultura (na arte, mas também no sentido mais amplo, sociológico, do termo).
Alguns desavisados perguntam o motivo do nome do blog. Explico.
Embora nascido no Ceará, cresci e criei vínculos mais fortes no Maranhão. E o caminho iniciado lá me trouxe, há cinco anos, a Brasília. Não sei quando volto. Às vezes, nem sei se volto. Mas o Maranhão também não sai de mim, um sujeito nascido no Ceará, criado no Maranhão, com sangue baiano (por parte de pai), apaixonado por Pernambuco, orgulhoso de ser latinoamericano e muito feliz vivendo em Brasília, depois de uma rápida passagem pela capital da alegria, a maravilhosa e saudosa Salvador.
Nesse ano, muitas coisas importantes aconteceram. Boas, ótimas, maravilhosas. E também ruins, péssimas e trágicas.
Muitos temas e fatos não abordados por falta de tempo. Bem como inúmeros textos não finalizados e não publicados.
Sigamos caminhando, aprendendo e crescendo sempre.
Deixo um gole de um autor que tem me inspirado há exatamente uma década* e volta a ocupar boa parte dos meus pensamentos nos últimos meses.
“Paradoxos”
Se a contradição for o pulmão da história, o paradoxo deverá ser, penso eu, o espelho que a história usa para debochar de nós. Nem o próprio filho de Deus salvou-se do paradoxo. Ele escolheu, para nascer, um deserto subtropical onde jamais nevou, mas a neve se converteu num símbolo universal do Natal desde que a Europa decidiu europeizar Jesus. E para mais inri, o nascimento de Jesus é, hoje m dia, o negócio que mais dinheiro dá aos mercadores que Jesus tinha expulsado do templo.
Napoleão Bonaparte, o mais francês dos franceses, não era francês. Não era russo Josef Stálin, o mais russo dos russos; e o mais alemão dos alemães, Adolf Hitler, tinha nascido na Áustria. Margherita Sarfatti, a mulher mais amada pelo anti-semita Mussolini, era judia. José Carlos Mariátegui, o mais marxista dos marxistas latino-mericanos, acreditava fervorosamente em Deus. O Che Guevara tinha sido declarado completamente incapaz para a vida militar pelo exército argentino.
Das mãos de um escultor chamado Aleijadinho, que era o mais feio dos brasileiros, nasceram as mais altas formosuras do Brasil. Os negros norte-americanos, os mais oprimidos, criaram o jazz, que é a mais livre das músicas. No fundo de um cárcere foi concebido o Dom Quixote, o mais andante dos cavaleiros. E cúmulo dos paradoxos, Dom Quixote nunca disse sua frase mais célebre. Nunca disse: Ladram, Sancho, sinal que cavalgamos.
“Acho que você está meio nervosa”, diz o histérico. “Te odeio”, diz a apaixonada. “Não haverá desvalorização”, diz, na véspera da desvalorização, o ministro da Economia. “Os militares respeitam a Constituição”, diz, na véspera do golpe de Estado, o ministro da Defesa.
Em sua guerra contra a revolução sandinista, o governo dos Estados Unidos coincidia, paradoxalmente, com o Partido Comunista da Nicarágua. E paradoxais foram, enfim, as barricadas sandinistas durante a ditadura de Somoza: as barricadas, que fechavam as ruas, abriam o caminho.
Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços
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*Conheci “As Veias Abertas da América Latina” alguns poucos anos antes, mas só o li em 2000, pegando o exemplar da Biblioteca Central da UFMA, em empréstimo renovado várias vezes.
**Outros textos do Galeano estão aqui: http://bocasdotempo.blogspot.com/
parabénse e longa vida ao conexão! nesse feriadão a gente comemora aqui. abração!
By: zema ribeiro on 31/03/2010
at 14:30
Segue em frente, Rogério! Manda bala!
By: Márcio Moneta on 31/03/2010
at 15:26
parabéns, compa!!!
By: Marcelo Arruda on 31/03/2010
at 15:27
O Livro dos Abraços deve ficar na cabeceira e ser revisitado pra sempre!
Parabéns pelo aniversário do blog, Rogério! Que seja só o primeiro!
Marina
By: Marina Tavares on 31/03/2010
at 15:59
Parabéns mocinho!! Sempre bom ver excelentes blogs por aqui!
Continue a luta! Sucesso! 😉
By: Ana Célia Costa on 31/03/2010
at 16:24
“Caminante no hay camino… se hace camino al andar” assim vejo a Conexão e o seu idealizador. Parabéns Rogério!
By: Pedro Ferreira Cavalcante Filho on 31/03/2010
at 22:07
Parabéns, Rogério! É essa tua história migrante – bem brasileira, bem nossa – que te dá a sensibilidade necessária pra tocar esse e todos os outros projetos. um abraço,
By: suzy on 08/04/2010
at 21:11
Suzy querida, agradeço as palavras, que servem como combustível pra seguirmos “adelante”, certamente! Abraço!
By: Rogério Tomaz Jr. on 09/04/2010
at 13:51