Publicado por: Rogério Tomaz Jr. | 11/05/2010

Time antifascista, antirracista e com presidente gay na 1ª divisão da Alemanha

Num momento em que o racismo e a homofobia dão sinais que não irão sumir tão cedo dos estádios do Brasil (e também da Europa e do resto do mundo), uma notícia muito boa vem da Alemanha.

O St. Pauli (clique aqui para ver o site), clube de futebol centenário de Hamburgo, acaba de retornar à Bundesliga, a primeira divisão da Alemanha.

Se nunca obteve grandes conquistas na elite do ludopédio germânico, O St. Pauli orgulha seus fãs pela sua história ligada a algumas das mais nobres lutas da humanidade, contra o racismo, a homofobia e o totalitarismo nazifascista.

Em notícia que segue abaixo, a ESPN Brasil – canal mais sério e independente da TV brasileira, aliás – explica melhor.

Longa vida e muitas glórias para o St. Pauli!

Outros clubes antifascistas e antirracistas no mundo são o Livorno (da Itália, já rebaixado para a segunda divisão no atual torneio) e o Adana Demispor (Turquia). Ao final do post, listo alguns vídeos das torcidas desses times.

E vale mencionar também a excelente matéria do Impedimento (clique aqui) sobre o Ferroviário Atlético Clube, o querido Ferrim do meu Ceará.

Dedico esse post ao querido amigo e mestre Flavio Valente, hoje morando em Heidelberg, Alemanha, e sempre lutando pelos direitos humanos, onde quer que esteja. Flavio fez aniversário na semana passada.

St.Pauli: antifacista, com presidente gay e sex shop como patrocinador

O St. Pauli estará de volta à Bundesliga na próxima temporada, depois de oito anos durante os quais chegou até a terceira divisão do Campeonato Alemão.

O clube de Hamburgo, fundado em 1910, não possui conquistas marcantes na história futebolística do país, mas fora das quatro linhas tem grande apelo: segue a linha política de esquerda, sendo considerado o time dos trabalhadores. Tem entre seus admiradores bandas como Bad Religion, Asian Dub Foundation e Turbonegro.

Depois de oito anos fora da elite, time pôde comemorar a volta à  Bundesliga

Depois de oito anos fora da elite, time pôde comemorar a volta à Bundesliga
Crédito da imagem: Reuters

Nos anos 1980, colocou em seu estatuto ser antifascista, antisexista e antirracista. Tal iniciativa surtiu efeito quando, por exemplo, o nome do estádio do St. Pauli mudou para Wilhelm Koch, ex-presidente do clube. Porém, ao descobrirem que ele fez parte do Partido Nazista, a diretoria retomou a nomenclatura antiga, Millerntor, a mesma até hoje.

Seu atual presidente, Corny Littman, é diretor de teatro e assumidamente gay. O grande ídolo do St. Pauli atualmente é Deniz Naki, atacante de origem turca. Ele conquistou o status principalmente depois de um jogo em novembro do ano passado: o time enfrentou o Hansa Rostock, de tendência ultradireitista.

Ao marcar um gol, ele correu em direção dos ultras e fez um gesto como se fosse cortar a garganta dos torcedores. Ao final da partida, cravou uma bandeira do St. Pauli no gramado do Hansa Rostock.

O clube de Hamburgo tem cerca de 11 milhões de simpatizantes pela Alemanha e chegou a ter média de 20 mil torcedores/jogo quando atuou na terceira divisão. O St. Pauli tem como patrocinadores a marca de carros Dacia e a Nike, além de uma loja de sex shop chamada Orion, que para comemorar o acesso à Bundesliga produziu 20 mil camisinhas com o escudo do clube.

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Torcida do Livorno entoando a Bella Ciao, canção da resistência italiana contra os nazifascistas de Hitler e Mussolini

Torcida do Adana Demispor também entonando a Bella Ciao e exibindo bandeira em homenagem a Che, Cuba, Palestina e à União Soviética

Cristiano Lucarelli, um dos maiores artilheiros do Livorno, exibindo blusa com o rosto de Che após marcar um gol pela seleção italiana sub-21

Tocida do ST. Pauli canta com bandeira do Che

Bônus pra quem gosta de rock: o St. Pauli entra no estádio ao som de Hell’s Bells, do AC/DC


Respostas

  1. É uma ótima iniciativa mesmo.
    Vou reproduzir no blog também.

  2. Parabéns Rogério! Excelente matéria!

  3. Sensacional!

  4. Vou botar no meu blog também.
    Bem observado, Rogério.

  5. adorei a materia!
    a intolerancia e a mae das guerras e da dor,espero q iniciativas como essa se repitam e mais times se declarem abertamente contra .

  6. cheguei aqui pelo blog da Rô e se me permitir, vou reproduzir no meu blog também!


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