Publicado por: Rogério Tomaz Jr. | 17/05/2010

Onde você guarda a sua homofobia?

Uma das campanhas mais interessantes de direitos humanos que já vi é a “Onde você guarda o seu racismo?”, que mobilizou muita gente disposta a combater o racismo.

Com os preconceitos mais profundamente enraizados, a melhor forma de combatê-los é mostrar o quão ridículos são os próprios preconceitos. Metaforicamente, é como apontar o dedo para o sujeito (ou para si próprio) e dizer algo do gênero:

Cara, se toca. Deixa de ser ridículo e atrasado!

No caso do racismo, não se engane, ele ainda é fortíssimo. Mas, pelo menos, os racistas não têm mais coragem de expor suas ideias bizarras, salvo exceções – como a do jornalista que defende indenização aos proprietários de escravos que foram “prejudicados” com a abolição.

A homofobia é bem mais explícita e despudorada. Os motivos são inúmeros e complexos. [A propósito, sugiro enfaticamente a leitura do brilhante artigo “Os novos negros”, do Leandro Fortes]

Mas o pior não são apenas a linguagem cotidiana – claro, é através dela que os preconceitos se alastram e se enraizam na cultura – e os “pequenos” atos de discriminação, como as piadinhas e outras práticas práticas constrangedoras afins.

O grande problema, consequência acumulada dos males “menores”, é a violência real. Pouco se divulga, mas o  Brasil é o campeão mundial de violência contra homossexuais, transgêneros, transsexuais e travestis. Em média, a cada dois dias ocorre um assassinato de uma pessoa do campo LGBT. No Rio de Janeiro, matéria do jornal O Dia mostra que gays são “caçados” pelas milícias e pelo tráfico.

O 17 de maio é celebrado em dezenas de países como o Dia Internacional de Combate à Homofobia*.

No Brasil, o movimento LGBT realiza intensas mobilizações nesta época.

Este ano, além do tradicional Seminário LGBT no Congresso Nacional, que chega à sétima edição com o tema “Direitos humanos LGBT: cenários e perspectivas”, ocorrerá a 1ª Marcha Nacional contra a Homofobia, em Brasília(DF), nesta quarta-feira (19).

Abaixo reproduzo post com fotos que fiz durante a Parada do Orgulho LGBT em São Paulo(SP), no ano passado. Cena inimaginável há muito pouco tempo atrás, duas garotas se beijaram muito carinhosamente sobre uma viatura do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), unidade da polícia paulista que talvez fornecesse alguns ótimos oficiais à SS de Hitler.

Nestas últimas décadas, os avanços do movimento são muitos, mas os desafios, maiores ainda.

Para saber mais informações sobre o seminário (que acontecerá nesta terça-feira no auditório Nereu Ramos,na Câmara, a partir das 9h, com transmissão pela Internet – www.camara.gov.br/tv) clique aqui.


Para mais informações sobre a 1ª Marcha Nacional contra a Homofobia clique aqui.


*Há vinte anos, em 17 de Maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou a retirada do código 302.0, correspondente à homossexualidade, da Classificação Internacional de Doenças. Neste dia, a OMS declarou: “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio, nem perversão”. Essa nova classificação foi um marco para a conquista dos direitos LGBT e a luta contra a homofobia no mundo, uma vez que a homossexualidade era considerada doença desde 1948 pela instituição. [Texto retirado do blog Flit Paralisante]

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18/06/2009

Cena emblemática na Parada LGBT de SP

Domingo (14/6), fim de tarde. Eu chegava de Guararema, a 70Km de São Paulo(SP), onde ocorreu a assembleia anual do Intervozes, ainda a tempo de flagrar a cena abaixo, já na dispersão da Parada do Orgulho LGBT, na Avenida Paulista.

Clique para ampliar

O amor prevalecendo sobre a repressão (?) Fotos: Rogério Tomaz Jr.

O DEIC (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) é uma das seções mais violentas da Polícia Civil de São Paulo. Quando os policiais perceberam que eu registrava a cena, ordenaram, com a sutileza de um rinoceronte no cio, que as garotas saíssem dali. Veja abaixo a sequência da cena.

Circulando!!

JORNAL FLIT PARALISANTE

POLÍCIA SEM CERIMONIAL

17 DE MAIO: DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À HOMOFOBIA

com 31 comentários

Há vinte anos, em 17 de Maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou a retirada do código 302.0, correspondente à homossexualidade, da Classificação Internacional de Doenças. Neste dia, a OMS declarou: “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio, nem perversão”. Essa nova classificação foi um marco para a conquista dos direitos LGBT e a luta contra a homofobia no mundo, uma vez que a homossexualidade era considerada doença desde 1948 pela instituição.


Respostas

  1. Rogério, você arrasou no post! Tenho orgulho de ser sua amiga e companheira de lutas! Obrigada, meu amigo!

    • Querida, quem arrasa são vocês, na luta contra essa sociedade ultra-hiper-mega-super-preconceituosa!

  2. Muito bom teu post.
    Parabéns!

  3. O preconceito é uma ferida que se abre todos os dias…uma dor que as pessoas ditas “diferentes” ( e quem não é?) sentem na pele, no orgulho e na sua dignidade…Em pleno século XXI ainda temos posições medievais…só provando que nós somos frutos de uma formação que não consegue ver a diversidade, a plurarlidade…É o MEDO do diverso…da possibilidade de “ser e ser, eis a questão, apesar de tudo”…As mudanças ocorrerem quando eu, sujeito histórico procuro nas pequenas atitudes ( e nas grandes, também!) transformar normas, valores, comportamentos que não servem para o coletivo…O HOMOSSEXUAL não deseja ser ACEITO…precisa é de RESPEITO!!! parabéns pelo blog…

  4. Oi, Rogério! Mt bacana o seu post. Acho q no Brasil há mais homofóbicos do que racistas. E olha que a gt ainda encontra por aí muitos Eduardos Banks. Que vergonha!
    E ainda tem brasileiro q se diz ariano e acusa os negros de serem inforiores por uma questão genética. É o caso desta garota aqui: http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=15331682638982538811
    E como ela, há milhares por aí.
    Vai demorar mt para q o brasileiro deixe de lado a ignorância e o preconceito.

  5. otimo!
    continue e espero q um dia isso seja uma má lembrança


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