Publicado por: Rogério Tomaz Jr. | 13/10/2011

Mais uma prova do quanto os argentinos gostam do Brasil (e da nossa estupidez em “odiá-los”)

Sempre achei estranho, mesmo quando nem sabia o significado das palavras “senso crítico” ou “consciência política”, a rivalidade exacerbada que Galvão Bueno & caterva alimentavam contra a Argentina.

Não conseguia enteder porque as “análises” dessa turma do futebol, via de regra, extrapolavam os aspectos técnicos e táticos do jogo e entravam na seara psicológica e até moral.

“Os argentinos são malandros”. “Os argentinos são violentos”. “Os argentinos são desonestos”. “Os argentinos são dissimulados”. Esses e outros comentários, repetidos milhares de vezes, muitas acompanhados do complemento “por natureza”, nunca tiveram muita credibilidade comigo. Em verdade, tiveram efeito contrário. Na Copa de 94, torci muito pelo timaço da Argentina que constrastava – como água e vinho – com o burocrático time de Carlos Alberto Parreiria que acabou conquistando o torneio.

Daí em diante, à medida em que me empolgava cada vez mais com o futebol raçudo e quase sempre “vistoso” da albiceleste, buscava entender as razões do “ódio” que a maioria dos narradores e comentaristas do nosso futebol pregava contra os argentinos.

Até hoje não consigo entender. Mas considero isso, já há muitos anos, uma estupidez gratuita de quem dissemina e de quem reproduz esse preconceito (atitude ignorante, nos dois sentidos do termo, vale dizer).

Já ouvi argumentos de toda sorte:

– Eles nos chamam de macacos! [como se não existisse racismo no Brasil, o que agradaria muito o Ali Kamel]

– Eles se acham os melhores em tudo! [como se nós fôssemos os bastiões da humildade, SOBRETUDO no futebol]

– Eles são arrogantes! [como se uma coisa como essa pudesse ser generalizada a toda uma nação]

E por aí vai…

O fato é fiz a primeira – de muitas, certamente! – visita à terra de Che, Gardel e Maradona em julho passado e fiz questão de tirar a prova: afinal, o que eles pensam de nós, brasileiros?

Durante oito dias em Buenos Aires, conversei com pessoas de todas as classes sociais, orientações políticas, preferências futebolísticas e visões de mundo.

NENHUMA! Repito: NENHUMA opinião sequer parecida com as teses da escola galvanobuenista foi expressada.

Ao contrário, o que mais ouvi foram elogios à nossa música, à nossa literatura, às nossas cidades, à nossa culinária e, SIM, ao nosso futebol.

O máximo que ouvi de ruim em relação a nós foram piadas sobre os nossos times locais, algo absolutamente natural diante das constantes (e, muitas vezes, eletrizantes) disputas nos torneios sulamericanos.

Existem argentinos que “odeiam” o Brasil e nutrem todo o tipo de preconceito contra nós? É certo que sim.

Não é esse o espírito que prevalece e muito menos é propagado por lá.

O jornal esportivo Olé, sempre citado como representante do sentimento antibrasileiro, por exemplo, usa mais o deboche e a ironia ácida para nos criticar do que uma postura xenófoba, tão comum nas nossas emissoras de TV.

Foi o Olé, aliás, quem fez, de longe, o melhor relato sobre a melhor jogada do futebol brasileiro (quiçá mundial) neste ano, a lambreta do Leandro Damião*.

Mas esse texto foi motivado pela reportagem do canal Sportv com o jogador de basquete Federico Kammerichs, novo reforço argentino do Flamengo.

Kammerichs, peça chave da seleção da Argentina, é fão de bossa nova e de MPB. E não teve dúvida de assinar com o clube carioca, para “conhecer o Brasil por dentro, sua cultura e o povo”.

Assista (e envergonhe-se caso você seja um dos discípulos do Galvão Bueno).

Kammerichs e o Brasil

Seja muito bem vindo, Kammerichs!

*Vá ao site do Olé e digite “lambreta” na busca (clique aqui). Você poderá ver que o diário esportivo mais irreverente da Argentina lamentou (!!!) que Leandro Damião não pudesse jogar a segunda partida do Superclássico, por conta de lesão. E ficará surpreso com a quantidade de matérias relacionadas à jogada.

Aqui o primoroso texto, quase uma crônica de quem se delicia com uma obra de arte, sobre a jogada espetacular de Leandro Damião (vídeo ao final):

http://www.ole.com.ar/seleccion/Primero-quise-matarlo-despues-aplaudirlo_0_555544471.html

“Primero quise matarlo y después aplaudirlo…”

Emiliano Papa, víctima del jugadón de Damiao, confesó: “Me sorprendió, nunca pensé que me la tiraría por arriba”. Hasta Sabella, admirado, saludó al brasileño.

De: Demian Meltzer (dmeltzer@ole.com.ar)

El caño de espaldas que Riquelme le metió a Yepes. La vaselina de Ricardo Rojas a Boca. El escorpión de Higuita en Wembley. El penal que picó Zidane en la final del Mundial 06… A esa antojadiza lista de lujos que quedan grabados en la retina, ahora habrá que agregarle la exquisita bicicleta que Leandro Damiao tiró en un Argentina-Brasil. La definición, por suerte, dio en el palo. Igual, el delantero se ganó los aplausos de todo el estadio y provocó que en las horas posteriores se hablara más de su pirueta que del clásico en sí. Pasa que para que su “lambreta” o “canarinha” (como se conoce a esa jugada en el país vecino) resultara, hubo una víctima. Lamentablemente para Emiliano Papa, quien, como su autor, quedará de por vida pegado a esas imágenes que se repetirán una y otra vez (sólo en Youtube ya superó las 20.000 reproducciones).

El 9 del Scratch se acomodó por la punta derecha, el lateral izquierdo de Vélez miró la pelota, y… “Ante eso no pude hacer nada. Esperaba que me encarara por afuera con una gambeta, nunca que me la tirara por arriba. Me sorprendió”, contó, resignado, el testigo privilegiado (e involuntario) de la improvisación del goleador de Inter.

-Ante algo así, ¿te dieron ganas de aplaudirlo y felicitarlo o de matarlo? -Primero quise matarlo; después aplaudirlo… Eso lo puedo decir ahora en frío. En el momento pensé sólo en la próxima jugada y no quise quedarme con eso.

-¿Te pusiste colorado? -No, no… Son circunstancias del juego. Si te quedás pegado a eso, no crecés. Aparte faltaba mucho, íbamos 0-0 y no podíamos desconcentrarnos.

Papa, de 29 años y siete partidos en la Selección, no fue el único argentino que se rindió ante el jogo bonito de Damiao. Juan Manuel Martínez reconoció que “aún siendo rival, disfruté de esa jugada”. Si hasta el propio Sabella, reconocido admirador del fútbol brasileño, tras el pitazo final, se acercó al delantero del Inter, le dio la mano y le dijo algunas palabras. De admiración, lógicamente, porque fue una jugada de antología. En la que, sin querer, Emiliano Papa quedó para siempre como un testigo involuntario, un partenaire necesario.

*****

Lambreta de Leandro Damião contra a Argentina

Escute no vídeo que a torcida argentina aplaudiu com mucho gusto à jogada de Damião. Se eu estivesse lá, sairia do estádio para pagar outro ingresso e assistir ao restante da partida.


Respostas

  1. Os argentinos nos recebem muito bem e não têm a mania, aliás de muito mau gosto, de ficar falando mal de brasileiro. Esse revanchismo é uma bobagem.

  2. Valeu, Rogério!! Excelente texto… Nunca fui à terra dos hermanos, mas pretendo ir um dia.

  3. Oi Rogério, estou em Buenos Aires por um mês, com família e trabalhando. Sempre me reencanto com essa terra e essa gente. Não entendo patavinas de futebol e nem sabia dessa bizarrice do Galvão Bueno, mas ouço essas tonteiras de muitos brasileiros toda hora. Semana passada morremos de vergonha de brasileiros no tren de la costa, ricos interioranos (apostei que paranaenses, conterrâneos meus) vangloriando-se da sua arrogância e ignorância, fazendo piadas nojentas. Sempre fico muito envergonhada da forma como vejo colegas e estudantes argentinos sendo tratados no Brasil. Tão diferente do que vejo fazerem com franceses ou canadenses. E tão diferente da forma como sempre fui tratada nessa terra. Essa “postura” no Brasil só me lembra um tosco culto eurocêntrico que não permite jamais olhar para a América Latina como similares, nem desfrutar as culturas tão próximas.
    Parabéns por falar. Um beijinho com sabor de helado de sabayon 😉

  4. bando de mentirosos

  5. Não sou à favor das indiretas do Galvão Bueno e não tenho nada contra os argentinos, mas, também não tenho nada à favor ! É indiferente para mim essa situação, não os “odeio” e também não os “amo” ! É completamente irrelevante para mim ficar sabendo se os argentinos gostam ou não dos brasileiros ! Não que eu queira pensar assim e pode até ser “inconsciente”, mas, parece que o “mundo” que nos interessa, termina na fronteira sul do Rio Grande do Sul. Já que toquei no nome, quero aproveitar este espaço para declarar meu respeito e minha admiração à cultura e ao povo gaúcho que são o povo que tem as tradições que mais me identifico !! Esses e os outros brasileiros,é que merecem PRIMEIRO, toda a nossa admiração e respeito !

  6. Acho que o problema é que o brasileiro comum é gozador, bonachão, gosta de falar alto e sequer admite mudar sua postura quando está no exterior. Ele sai do Brasil mas o Brasil nåo sai dele. Para estes brasileiros-que são cada vez menos numerosos- não existe a experiência de conhecer outra cultura, pois se comportam em qualquer lugar como no bar que frequentam. É uma pena, pois quem perde são eles mesmos.

    No Louvre me deparei com um grupo brasileiro da Bahia, muito rico e sinceramente senti vergonha pela falta de educaçao e cultura. Pareciam estar achando “esse negocio de museu” uma grande bobagem, furavam fila, falavam alto e ficaram sacaneando um grupo de turistas portugueses, que simplesmente os ignoraram. Quanto a mim, confesso que parei de falar portugues e só falava em espanhol. Sei que foi antipatriótico, mas não deu! Que constrangimento!

  7. Oi Rogério,
    Morei dois anos em Buenos Aires e posso te garantir o que faz Galvão Bueno é politicagem. Tem de colocar na cabeça de brasileiro que é um país grande, bom, rico, que será potência mundial. Como fazer isso? Falando que nenhum outro país no nosso continente presta. Falando que os argentinos são orgulhosos por serem a Europa da América do Sul. Você conheceu Buenos Aires, como não ser orgulhoso, não é? Um povo inteligente, crítico que conhece com muita profundidade a sua cultura, luta pelo seu povo. Muito diferente de nós brasileiros, né?. Aqui, tem muita gente que não sabe qual é o dia do ìndio? Tem gente que nem sabe que no Brasil mataram todos os índios na colonização. Se acham superior a sei lá que Uma vergonha!
    Eu também quando encontrava turistas lá, nem abria a boca.só falava com brasileiros que moravam lá há anos.A ir ao museu no Brasil é coisa de velho, risos. Tem coisa mais ignorante que isso!
    Mas finalizando o meu pequeno testamento: aqui em Belo Horizonte o Consulado Argentino no Brasil teve que abrir um processo contra um jornalista que fazia campanha antiargentina. Ainda acho que a Embaixada da Argentina tem que revindicar as publicidades de cervejas, havaianas e outras que estão fazendo a mesma coisa. Tudo em prol de dita politicagem!
    Sabia que o salário mínimo lá é muito maior que o daqui, que o povo consegur emprego muito mais facilmente lá que aqui. E depois quem está bem ou mal, né?

  8. nunca vi isso , a rivalidade de Br e Argentina é somente no futebol brasileiros gosta sim dos argentinos, esta reportagem não corresponde ao sentimento da maioria dos brasileiros não.

  9. Sabes que recém chego de um churrasco com amigos e estávamos falando sobre este tema, eu dizia a eles que na Arg ninguém fala mal de brasileiros, por isso me pus a buscar algo agora e vi seu texto, o qual vou guardar para mostrar no futuro, pq é complicado ter que explicar pra todos que me chupa un huevo lo que disse galvao o pele.

  10. Quando estive no Ened 2010, em Brasília, uma das professoras palestrantes da abertura do evento atribuiu a rivalidade entre Brasil e Argentina a um resquício da ditadura. Uma tolice a serviço da desagregação do povo sul-americano.

  11. Existiu sim uma forte rivalidade entre Brasil e Argentina, não é invensão da Globo.Essa rivalidade é antiga, começou no tempo colonial ainda! O que aconteceu é que o povo argentino com o passar do tempo foram esquecendo isso, enquanto o brasileiro influenciado pela midia, continuou a cultiva essa rivalidade. Mas eu gosto da Argentina!
    Paz! (:

  12. Eu nunca estive pessoalmente em contato com um Argentino, mas pelo que eu posso perceber pelo muito que tenho lido a respeito deles …, é que eles são como nós Brasileiros,são pessoas boas e leais as amisades com os Brasileiros,e também somos como irmão ,brigamos e sempre estamos juntos ,quém resiste ver um jogo entre Brasil e Argentina ? sai faisca mas é muito divertido,mesmo que seja a um jogo de botão, eu acho o povo Argentino boa onda.

  13. Oi amigos do Brasil!!! sou argentino da cidade de Cordoba, fui 5 vezes a seu país! e adorei!!!!!!!!!!!!! conheci o sul o norte, Rio de Janeiro, Salvador de Bahía etc, sempre gostei de sua música, cultura alegría etc e quasi sempre fomos bem tratados!! tenho muitos amigos brasileiros que fiz nessas viagems! iamos con amigos e muitos de nos voltamos e estudamos portugués porque amamos sua pronuncia!!! aca na Argentina temos um sentimento muito grande pelo Brasil…porque?? nao sei a maioria de nos fomos a Brasil nas feiras e sempre temos boas lembrancas, eu nao conheco NENHUM sim NENHUM argentino, que fale que os brasileiros sao macacos…para nos o Brasil e sinónimo de alegría, Praia, caipirinha, carnaval, linda música, mulheres bonitas e simpáticas, povo simpático por natureza! eu sei q o Galvao Bueno somente fala porcaria de argentinos e de meu país, mais a rivalidade de futebol e outros esportes nao e ruim sempre q seja sana, em Mexico tudos diziam q nao existe algo melhor q a partida Brasil vs Argentina o melhor futebol do mundo!! abrao disculpem meu portugués…viva Latinoamérica!!!!!!!!!!!

  14. Confesso que eu tinha um sentimento anti-argentino, até conhecer argentinos, a idéia que eu tinha deles mudou muitooo! Infelizmente muitos são racistas sim! Os racistas de lá são em maior quantidade que os racistas daqui, isso um argentino quem me disse! Mas há argentinos que são pessoas incríveis, principalmente os do interior. A má fama fica mais sobre os portenhos, mas em todos os lugares há pessoas de todo tipo. Eu tive a sorte de até agora só conhecer bons argentinos.. 🙂

  15. brasileiro falando mal de brasileiro que vergonha, vão lá para o exterior e já pensam que são melhores que os seus irmãos isso que é arrogância.

    • que tremendo pedazo de pelotudo sos, Braga!

  16. LA MIDIA BRASILEIRA ESQUENTA
    ESSA RIVALIDADE E DESTACA TUDO
    O RUIM QUE ACONTECE O PODE
    ACONTECER NA ARGENTINA UTILIZANDO A MEU PAIS COMO ESPELHO PARA IDIOTIZAR A O POVO BRASILEIRO PARA FALAR VE QUE VC
    AQU ESTA MELHOR.
    MAIS LA IDEIA E A REALIDADE E QUE
    NA ARGENTINA NO SE FALA MAL DO
    BRASIL.
    POR EL CONTRARIO SE DESTACA TUDO DE BOM QUE BRASIL TEM.
    POR ULTIMO EU SOU AGRADECIDO
    MORO FAZ 14 ANOS NO BRASIL E FUI
    SEMPRE BEM TRATADO.


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